O Evento
Defendendo a agroecologia como solução da crise hídrica e garantia da soberania alimentar o IV Encontro Regional de Agroecologia da região sudeste aconteceu entre os dias 28 de Abril e 01 de Maio de 2018 sediado no IFES campus Santa Teresa.
O evento foi conduzido através de painéis formativos, oficinas de aprendizado, vivências, Espaço de Socialização de Saberes (ESS) e troca de experiências do meio agroecológico, além de Ato Político na comunidade do campus.
O tema do evento foi utilizado para direcionar as discussões que se dão em torno da Agroecologia e serviu também de alerta para a imposição da agricultura convencional forçando a alimentação de produtos regados à agrotóxicos e destruidores do Meio Ambiente, sendo um dos maiores responsáveis pela escassez de água.
Tivemos a presença de diversas entidades e grupos organizados de estudantes de várias instituições. Para dar início ao nosso evento, pudemos contar com a presença da diretora do Campus IFES-ST “Walkyria Barcelos Sperandio”
dividindo a mesa de abertura com os/as representantes dos coletivos que fizeram parte da comissão organizadora do evento. Durante os espaços e discussões tivemos como facilitadores personalidades ilustres que puderam compartilharam um pouco de seus conhecimentos, contribuindo para nossa formação. Em cada painel os facilitadores tornaram o tema cada vez mais interessante, pudemos ouvir diversas histórias, instigando cada vez mais o espirito de militante.
O Painel I “A Agroecologia Como Solução Da Crise Hídrica E Garantia Da Soberania Alimentar” foi dividido em três partes. Tendo como facilitadora da análise de conjuntura a Sra. Joselma Maria, militante e representante do Movimento Sem Terra (MST), apontando a atual situação política no que diz respeito a agricultura, Meio Ambiente e trabalhador.
Como segundo ponto a ser discutido neste painel, as questões hídricas foram abordadas pelo Heider Bosa representante do MAB-ES (Movimento dos Atingidos por Barragens) que discorreu um pouco sobre a situação do Rio Doce e a seca que vem atingindo do estado nos últimos anos.
Contamos também com a facilitação do Economista e Mestrando em Política Social Raul Ristow Krauser militante pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que trouxe para discussão a questão da soberania alimentar, pode nos contar ainda um pouco de sua experiência e a perspectiva da agricultura familiar no Brasil.
O Painel II foi tematizado com “Movimentos Sociais e a Construção da Agroecologia - Luta e Resistência”, esse painel circundou por dois grandes subtemas. “Protagonistas da agroecologia - Comunidades tradicionais” teve a facilitação
da professora Kátia Silene Zortéa e seu esposo Emerson, eles nos trouxeram uma vivência muito intensa. Conviveram por um longo tempo juntos aos Enawene Nawe, entre outros povos indígenas da região do Xingu.
O segundo ponto discutido no painel II foi o Panorama Atual da Educação no Brasil sobretudo a Educação do Campo. A professora e mestre em agroecologia Poliane Oliveira Dutra pode contribuir com sua experiência na Pedagogia da Alternância dando enfoque na sua formação, Agroecologia. Ela acredita que seja indispensável a participação das Escolas Família Agrícolas em debates sobre Agroecologia, uma vez que esta seja uma discussão de postura diante ao Meio Ambiente.
“Experiências e Sistematizações Agroecológicas” foi o tema do terceiro painel, esse foi rico em vivência e informação. A agroecologia defende o uso de sementes próprias, sementes crioulas.
O doutor em Produção Vegetal José Arcanjo Nunes compartilhou suas experiências e as maneiras que o produtor tem para conseguir selecionar suas próprias sementes. Nos mostrou como funciona o processo do
melhoramento participativo de cultivares afim de melhorar a produção familiar.
A fala do Newton Campos foi emocionante. Proprietário do Sítio Jaqueira, Técnico Agrícola, agricultor e artesão faz parte do projeto “Plantadores de Água” e se tornou um exemplo em recuperação de nascentes. O Newton nos contou suas experiências em como cultivar água, mostrando as técnicas utilizada e a importância das matas ciliares.
Ao longo dos quatro dias foi possível participar de diversos espaços diferenciados. As oficinas além de terem a função de trazer uma informação nova ao participante tiveram também o objetivo te interagir os participantes.
A CO fez questão de programar um momento em que fosse possível cada entidade/coletivo pudesse compartilhar suas ações dentro da agroecologia. Cada um pode compartilhar um pouquinho de sua história de como surgiu o grupo, as lutas e dificuldades enfrentadas além das missões que estão sendo desenvolvidas. l.
O espaço noturno foi conduzido por debates polêmicos e bem atuais. “Gênero e Sexualidade” e “Negritude” sempre são temas que precisão ser pontuados e muito bem discutido, ainda mais em ano de eleições presidenciais. Discutiu-se nesses debates questões políticas a respeito do tema, situações preconceituosas, discriminação.
A Catarina Tose representante no movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres, ela puxou um lindo debate em torno da mulher e qual sua real representação na sociedade.
O espaço de Negritude teve a presença de Welington Barros membro da União de Negras e Negros pela Igualdade no ES (UNEGRO) e Edson Bomfim dos Santos coordenador do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe discorreram sobre a situação do negro na sociedade, de como ele é visto, os avanços e retrocessos que ocorrem diante da questão racial.
O Ato
O último dia de encontro foi o mais importante, o dia do Ato. O Ato coletivo é a principal ferramenta que o militante tem para poder conseguir ser ouvido e poder despertar algum tipo de consciência perante ao manifesto. O Ato previsto na programação talvez tenha sido o objetivo final do evento, poder sair na rua e mostrar para o mundo o problema que a agricultura convencional vem causando e que existe uma solução, a Agroecologia!
Como Ato de manifestação os participantes do IV ERA Sudeste plantaram árvores nativas nas margens do Rio Santa Maria do Doce. Rio esse que vem sofrendo vários impactos severos da agricultura e pecuária ao longo do seu percurso. Nos últimos anos a seca na região foi tão intensa que já podia se ver a morte o Rio Santa Maria do Doce. Diante da situação que o rio se encontra a CO não poderia ter escolhido maneia melhor de poder conduzir o Ato coletivo, denunciando o problema que o rio enfrenta.